Valter Casarin, Coordenador Científicos da NPV
80% da amônia mundial é utilizada como matéria-prima para a produção de fertilizantes nitrogenados.
Em 2021, a amônia foi o segundo produto químico mais fabricado no mundo, com 235 milhões de toneladas. Sua produção iniciou em 1913, quando os químicos demonstraram que era possível produzir amônia reagindo hidrogênio (H2), oriundo de combustível fóssil, com dinitrogênio (N2), derivado do ar atmosférico, graças a um catalisador à base de óxidos de ferro e sob alta pressão e temperatura. Este é o procedimento industrial conhecido como processo Haber-Bosch.
A amônia é a principal matéria-prima para a produção dos fertilizantes nitrogenados. O nitrogênio é um nutriente essencial para as plantas e desempenha um papel vital na produção de alimentos e na alimentação da população mundial. Em 2050, haverá quase 10 bilhões de pessoas neste planeta para serem alimentadas. Precisamos estar preparados para o desafio de produzir alimento de forma sustentável.
O problema é que a produção de amônia é uma forte emissora de CO2. Sua produção causa 1% do total das emissões globais de gases de efeito estufa. Essa emissão é decorrente do uso de combustíveis fósseis como matéria-prima. No entanto, a amônia pode ser produzida de forma muito mais sustentável, eliminando o uso de combustíveis fósseis. Neste processo ecológico, o hidrogênio é produzido usando a eletrólise da água e o nitrogênio é obtido do ar atmosférico. A temperatura e a pressão necessárias para acontecer a reação são conseguidas por uma fonte de baixo carbono, como energia eólica ou solar. Assim, é obtida a amônia livre de carbono, conhecida como Amônia Verde.
Com o acordo de Paris, vários países propuseram alcançar emissões líquidas zero de carbono até 2050. Para atingir esse desafio, serão necessárias soluções realistas e econômicas que possam tornar a cadeia de produção de alimentos mais sustentável. Nesse sentido, a indústria de fertilizantes vem desenvolvendo caminhos de produção mais adaptados às novas propostas de sustentabilidade: a tecnologia de produção livre de carbono.
Atualmente, a produção de amônia é um dos principais contribuintes para as emissões globais de CO2 devido à sua forte dependência de combustíveis fósseis. O processo de produção de H2 no qual se baseia a síntese de amônia tem altos requisitos de energia e é responsável pela maior parte das emissões de CO2. Portanto, a amônia verde só é viável se a produção de H2 depender inteiramente de fontes de energia renováveis. Se essa condição for atendida, a amônia se torna um substituto livre de carbono.
A indústria de fertilizantes tem buscado produtos mais sustentáveis, como é o caso da amônia verde, a qual desempenha importante função na produção de alimentos, sem, no entanto, causar impactos no ambiente. Isto significa que a amônia verde é uma matéria-prima de grande valor para a indústria de fertilizantes nitrogenados manter a produção de fertilizantes para a segurança alimentar mundial.
Sobre a NPV
A NPV – Nutrientes para a Vida – nasceu com objetivo de melhorar a percepção da população urbana em relação às funções e os benefícios dos fertilizantes para a saúde humana. Braço da fundação norte-americana NFL – Nutrients For Life – no Brasil, a NPV trabalha baseada em informações científicas. A NPV tem sua sede no Brasil, é mantida pela ANDA (Associação Nacional para Difusão de Adubos) e operada pela Biomarketing. A iniciativa conta ainda com parceiros como: Esalq/USP, IAC, UFMT, UFLA e UFPR.