Por Daniel Magnoni
A fibra alimentar, também conhecida como fibra dietética, é um composto vegetal composto por polímeros de carboidratos. Por ser resistente às enzimas digestivas, não é hidrolisada nem absorvida no intestino delgado. Nos últimos anos, o conhecimento sobre as funções fisiológicas da fibra alimentar e seus benefícios para a saúde humana aumentou significativamente.
Anteriormente, as fibras alimentares eram classificadas em solúveis e insolúveis. As fibras solúveis, como pectinas, betaglicanos, frutanos e gomas, dissolvem-se na água formando géis viscosos e são facilmente fermentadas por bactérias no intestino grosso, afetando o metabolismo de glicose e lipídeos. Já as fibras insolúveis, como celuloses, ligninas e algumas hemiceluloses, têm baixa fermentação e retenção de água, ajudando no trânsito intestinal.
No entanto, essa classificação é considerada inadequada atualmente. Estudos recentes mostram que algumas fibras insolúveis podem ser fermentadas e certas fibras solúveis não afetam a absorção de glicose e lipídeos. Por isso, a FAO/WHO recomenda não usar mais esses termos.
As fibras desempenham um papel crucial no trato gastrointestinal, retardando o esvaziamento gástrico, promovendo a saciedade, diminuindo o tempo de trânsito intestinal e aumentando o volume fecal. Fibras fermentáveis servem como substrato energético para a microflora do cólon, produzindo ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), que acidificam o intestino, inibem microrganismos patogênicos e melhoram a absorção de cálcio. Além disso, promovem o crescimento de bactérias benéficas na microbiota intestinal.
Outro benefício importante das fibras é a redução dos níveis de glicose e insulina pós-prandial, além da diminuição do colesterol total e LDL. Isso ocorre porque as fibras reduzem a absorção intestinal desses componentes, ajudando a combater doenças crônicas como diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares.
As recomendações de ingestão de fibra variam conforme idade, sexo e consumo energético, sendo geralmente recomendadas 14g de fibra para cada 1000 kcal ingeridas. As fibras estão presentes em diversos alimentos, como farelos, frutas, verduras e grãos integrais. No entanto, muitos não consomem a quantidade diária adequada de fibras devido ao baixo consumo de alimentos ricos em fibras.
Para uma alimentação rica em fibras, é essencial priorizar produtos in natura e minimamente processados, evitando processados e ultraprocessados. Uma dieta equilibrada e rica em nutrientes exige escolhas alimentares cuidadosas e atenção ao processo de cultivo e consumo dos alimentos.
Daniel Magnoni, consultor da iniciativa Nutrientes para a Vida (NPV), diretor de Serviço de Nutrologia e Nutrição Clínica do Hospital do Coração – Hcor, Mestre em cardiologia pela Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP; especializado ainda em Clínica Médica, Nutrologia e Nutrição Parenteral e Enteral pela Associação Médica Brasileira – AMB / Conselho Federal de Medicina – CFM
Sobre a NPV
A NPV – Nutrientes para a Vida – nasceu com objetivo de melhorar a percepção da população urbana em relação às funções e os benefícios dos fertilizantes para a saúde humana. Braço da fundação norte-americana NFL – Nutrients For Life – no Brasil, a NPV trabalha baseada em informações científicas. A NPV tem sua sede no Brasil, é mantida pela ANDA (Associação Nacional para Difusão de Adubos) e operada pela Biomarketing. A iniciativa conta ainda com parceiros como: Esalq/USP, IAC, UFMT, UFLA e UFPR.
Referências
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