No evento mediado por José Luiz Tejon, os especialistas debateram os impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia no agro e foram otimistas quanto ao cenário futuro.
Na última terça-feira, 15, a Nutrientes para a Vida (NPV), braço brasileiro da fundação norte-americana Nutrients For Life, promoveu um evento virtual para oferecer um panorama sobre os caminhos para enfrentar a crise de fertilizantes gerada pelo conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Com mediação do jornalista especialista em agronegócio José Luiz Tejon, a NPV recebeu os convidados Valter Casarin, coordenador científico da NPV, Heitor Cantarela, do conselho da NPV e pesquisador do IAC, e Carlos Heredia, consultor de negócios em suprimentos e fertilizantes.
O evento foi realizado em duas etapas, sendo iniciado com uma coletiva de imprensa, seguida de um Webinar em formato de mesa redonda com duração de uma hora, no qual os profissionais abordaram temas como o estoque de fertilizantes russos no Brasil, o recente Plano Nacional de Fertilizantes, soluções fáceis para o solo, a produção de fertilizantes nitrogenados e o produtor.
No debate, a análise dos convidados foi unânime: por mais que agora não haja clareza sobre os desdobramentos da guerra e isso exija preocupação, não é motivo para pânico. Conforme Cantarela mencionou, a Rússia e a Bielorrússia representam juntas apenas 30% dos fertilizantes usados no agronegócio brasileiro, o que significa que o restante do produto chega de outros países que não são afetados por sanções comerciais. Além disso, o pesquisador aponta que, apesar disso, o mercado ainda está funcionando e navios com fertilizantes russos seguem cumprindo entregas.
Já para Heredia, a maior preocupação devem ser os preços e não uma eventual escassez, uma vez que são definidos pelo mercado mundial e refletem um impacto imediato. “O Brasil é tomador de preços, tanto da commodity agrícola como do fertilizante. O único efeito muito danoso a curto prazo é o preço. Na minha visão, o preço é mais preocupante porque é real, está acontecendo agora”, explica.
Sob esta perspectiva, Cantarela entende que o Plano Nacional de Fertilizantes chegou em boa hora, embora tenha sido concebido antes da guerra. De acordo com ele, o plano será importante para o futuro a médio e longo prazos, estimulando a produção local, mas não resolve a crise de agora.
“Certamente vai ser um divisor de águas porque agora entendemos mais do que nunca que temos uma situação diferente. Há urgência de termos menor dependência de fertilizantes importados. Não vamos ser autossuficientes com o plano, mas vamos reduzir as importações e não seremos mais pegos de surpresa por outras crises”, diz.
Segundo Casarin, o plano deve ser efetivo diante da proporção que o agronegócio tem tomado no Brasil. “Nós somos realmente dependentes do fertilizante importado, então precisamos de insumo para o agronegócio continuar a funcionar como está. O plano é uma coisa positiva que mostra uma redução dessa dependência, isso já é significativo”, analisa.
O coordenador aproveitou, ainda, para acalmar novamente os participantes do encontro com dados que demonstram que a agricultura do país segue funcionando mesmo em meio à crise de fertilizantes. Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) indicam que em comparação a fevereiro de 2021, o agronegócio brasileiro exportou U$ 10,51 bilhões, 65,8% a mais, nos dois primeiros meses de 2022. Quanto à balança comercial do agro, o Brasil registrou no início deste ano superávit de U$ 7 bilhões.
Aconselhando também os produtores, Casarin apontou que é essencial avaliar o próprio sistema nesse momento e fazer uma análise de solo, para então tomar decisões. “Quando você faz essa avaliação, você vai saber a real necessidade de aplicar calcário para corrigir o pH do solo e assim ter uma disponibilidade maior de nutrientes. Isso facilita muito o aproveitamento dos fertilizantes”, explica. Para ele, os produtores que investiram em um ambiente equilibrado, terão condições de maior segurança para passar pela crise.
Ainda, o profissional aproveitou para fazer um apelo aos cidadãos urbanos: “O pessoal da cidade tem que entender que a produção de alimento desprende muita energia do produtor e dos insumos. É preciso tomar cuidado com desperdício de alimento. Essa é a forma de valorizar isso”.
Para assistir aos materiais, acesse os links abaixo:
Webinar completo – https://youtu.be/YFfX8YVX9XI
Coletiva de imprensa – https://youtu.be/F8QTSRpOOAs
Sobre a NPV
A NPV – Nutrientes para a Vida – nasceu com objetivo de melhorar a percepção da população urbana em relação às funções e os benefícios dos fertilizantes para a saúde humana. Braço da fundação norte-americana NFL – Nutrients For Life – no Brasil, a NPV trabalha baseada em informações científicas. A NPV tem sua sede no Brasil, é mantida pela ANDA (Associação Nacional para Difusão de Adubos) e operada pela Biomarketing. A iniciativa conta ainda com parceiros como: Esalq/USP, IAC, UFMT, UFLA e UFPR.