Pandemia leva as pessoas a cultivar seus próprios alimentos
Valter Casarin
O isolamento social e o medo da contaminação do Covid-19, muitos tentam cultivar seus próprios alimentos em casa.
Alguns anos atrás, a “onda” de produzir alimentos nos espaços urbanos começou a crescer. Esse “passatempo” é uma forma de trazer o verde para dentro de casa, mas principalmente uma atividade para diminuir o stress da vida da cidade e produzir seu próprio alimento. Além da produção de alimento, a agricultura urbana é um espaço importante para cultivar plantas medicinais importantes para o aumento da imunidade.
A pandemia do Covid-19 teve muitas repercussões importantes, como a falha nos sistemas de saúde pública, o enfraquecimento da saúde mental das pessoas, a desaceleração econômica ou mesmo uma lacuna flagrante entre ricos e pobres. Mas há outro aspecto que está lentamente afetando o mundo. Trata-se do medo de uma escassez de alimentos. Em muitos lugares, onde medidas de isolamento social foram impostas para conter a propagação do vírus, foram relatadas compras de mantimentos em excesso. Enquanto muitos se viram diante de prateleiras vazias em supermercados, descobrimos que grande parte de nossa população é incapaz de produzir o próprio alimentar. O que nos conforta são os relatos de que a segurança alimentar global ainda não foi comprometida.
De fato, os países em desenvolvimento estão atualmente em risco e distúrbios de fome. Além disso, os ricos não devem considerar a escassez de alimentos, devido à pandemia, como um problema reservado aos pobres. E é nesse contexto de incerteza que o conceito de agricultura urbana está ganhando popularidade. De fato, a pandemia mudou um pouco o modo de vida de parte da população. Hoje é possível ter hortas que são perfeitamente adequadas para os apartamentos, mesmo para aqueles menores. A Internet é uma grande aliada para obtenção de kits de bricolage para ajudar as pessoas a cultivar sua própria horta em qualquer lugar.
O conceito de auto-suficiência alimentar existe há algum tempo, mas parece que o coronavírus levou muitas pessoas a adotá-lo como uma medida de emergência. A preocupação com a origem dos seus alimentos. Segundo as Nações Unidas, 68% da população mundial, dois terços, viverá nas cidades até 2050. Essa tendência se torna ainda mais interessante. Segundo alguns especialistas, a pandemia pode realmente levar a algumas tendências, provavelmente para sempre.
Outro fato interessante é a pandemia estar alimentando radicalmente conversas sobre autossuficiência. Talvez esteja relacionado às nossas vulnerabilidades coletivas, que nos levam a buscar medidas que nos salvem de muita ansiedade diante de um futuro incerto. Dados levantados de pesquisas do Google, nos Estados Unidos, mostraram que o termo “agricultura doméstica” aumentou 50% no mês passado, enquanto que pesquisas relacionadas à “criação de galinhas” tiveram acréscimo de 75%. Isso demonstra que o assunto “segurança alimentar” é um tema de grande importância neste momento.
Em todo esse contexto de produzir seu próprio alimento, não podemos esquecer que as plantas também necessitam se alimentar corretamente de forma equilibrada. O insumo que irá permitir ter plantas com qualidade nutricional, caso os solos usados para o cultivo não forneçam adequadamente, é o fertilizante. O fertilizante é um produto destinado a fornecer os nutrientes essenciais para as plantas e, consequentemente, irão servir para a nossa alimentação.
A Nutrientes Para Vida (NPV) é uma iniciativa que tem por missão informar a população sobre a importância dos nutrientes para as plantas e para os seres humanos. Sua atuação está baseada em informações científicas, de forma a explicar o papel essencial dos fertilizantes na segurança alimentar, tanto na quantidade como na qualidade do alimento produzido. O uso do fertilizante está alicerçado nos aspectos sociais, econômicos e ambientais.
Coordenador Científico – Nutrientes Para a Vida (NPV)
E Doutor em Ciência do Solo – École Nationale Supérieure Agronomique de Montpellier
Email: valcasarin@gmail.com