por Valter Casarin
A população mundial caminha para atingir 10 bilhões de pessoas em 2050. Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), será preciso aumentar a produção de alimentos em 50% a 70% para atender as necessidades alimentares dos 2 a 3 bilhões de pessoas que serão adicionadas a população existente. Isso pode se tornar mais preocupante se lembrarmos que existem mais de 800 milhões de pessoas que passam fome e aproximadamente 1 bilhão de desnutridos que sofrem de alguma doença devido a carências nutricionais.
A agricultura é o caminho para a produção de alimentos, mas outros fatores deverão ser acionados ou solucionados para atenuar essa situação, dentre eles o controle de crescimento demográfico, facilidade ao acesso e redução significativa no desperdício de alimentos, que atualmente representa de 30% a 40% da produção mundial de alimentos.
Para produzir mais alimentos existem dois caminhos: aumento da área cultivável ou aumento da produtividade. A primeira opção não é a que desejamos pois pode implicar na abertura de novas áreas, inclusive em desmatamento.
O caminho mais sensato é aumentar o rendimento das lavouras, isto é, produzir mais alimentos por área. No entanto, há limitações para isso, como é o caso de solos de baixa fertilidade, a falta de água e o aumento de temperatura em determinadas regiões devido ao aquecimento global. Por outro lado, há risco de redução da fertilidade do solo nas regiões produtoras tradicionais em decorrência da exportação de nutrientes pelo alimento colhido, o que pode levar ao decréscimo no rendimento das culturas.
Vale lembrar que as plantas se alimentam de elementos minerais, principalmente nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre e alguns micronutrientes. São esses mesmos nutrientes que atenderão nossas necessidades quando ingerimos alimentos. Como as lavouras extraem esses elementos do solo e os removem de lá com as colheitas, torna-se fundamental devolvê-los à terra se quisermos preservar sua fertilidade. A reposição dos nutrientes ao solo é o meio de manter a agricultura sustentável.
Os fertilizantes são o meio para devolver ao solo os nutrientes removidos. Existem duas categorias de fertilizantes: fertilizante mineral e orgânico. Uma diferença importante é a concentração de nutrientes. O fertilizante orgânico tem muito baixa concentração em comparação com o mineral. Isto trás implicações para seu uso.
Muitas pessoas desconhecem a natureza dos fertilizantes minerais e acreditam que a solução é adotar a agricultura puramente orgânica. Os fertilizantes minerais são fontes de nutrientes para as plantas, ou seja, são compostos naturais, oriundos de depósitos de diferentes rochas, enquanto os fertilizantes orgânicos são originados de resíduos de plantas ou animais, ou seja, estes fertilizantes reciclam os nutrientes que as plantas absorveram do solo anteriormente. Fertilizantes não devem ser confundidos com defensivos agrícolas, que são produtos usados para proteger as plantas contra insetos (inseticidas), fungos. (fungicidas) ou competição indesejável com outras plantas (herbicidas).
Os nutrientes essenciais podem ser fornecidos pelos fertilizantes orgânicos, os quais podem ser suficientes para a produção de alimentos em pequenas áreas, mas certamente não serão para a produção em larga escala. Por serem mais concentrados, os fertilizantes minerais são mais viáveis do ponto de vista econômico e de logística para aplicação em grandes áreas do que os orgânicos. A moderna agricultura faz uso de ambos, mas para obter bons rendimentos e atender as necessidades presentes e futuras, é fundamental fazer uso dos fertilizantes minerais que permitem obter altas produtividades.
A agricultura orgânica, ou seja, sem fertilizantes minerais, é inviável para a produção de alimentos em larga escala. Imagine a reposição de nutrientes aos solos feita apenas com adubos orgânicos na agricultura brasileira, que exporta alimentos (e os nutrientes nele contidos) para centenas de países mundo afora. A FAO, organização voltada para alimentos e agricultura das Nações Unidas, em relatório de 2007, indicou “que não seremos capazes de alimentar 10 bilhões de pessoas em 2050 sem o uso criterioso de fertilizantes minerais” e que “a generalização da agricultura orgânica com seus pontos fortes e restrições de produção não seria capaz de resolver os problemas globais de alimentos” por acarretar em produtividades menores do que as conseguidas com os fertilizantes minerais.
A agricultura convencional e a agricultura orgânica podem e devem coexistir e trocar experiências sobre seus métodos e conhecimentos para alimentar o mundo, preservar o planeta, promover laços sociais e ser viável para os agricultores.
A resposta à pergunta do título é, obviamente, que não podemos alimentar o mundo sem fertilizantes.
Sobre a NPV
A NPV – Nutrientes para a Vida – nasceu com objetivo de melhorar a percepção da população urbana em relação às funções e os benefícios dos fertilizantes para a saúde humana. Braço da fundação norte-americana NFL – Nutrients For Life – no Brasil, a NPV trabalha baseada em informações científicas. A NPV tem sua sede no Brasil, é mantida pela ANDA (Associação Nacional para Difusão de Adubos) e operada pela Biomarketing. A iniciativa conta ainda com parceiros como: Esalq/USP, IAC, UFMT, UFLA e UFPR.